16.02.2017

Perfeitos como o Pai

Bright blooming sunflowers during late summer in Zama, Japan
Bright blooming sunflowers during late summer in Zama, Japan

Nesse domingo, Jesus nos coloca a essência do seu ensinamento: O AMOR, para sermos “perfeitos como o Pai”.

O Evangelho apresenta mais dois exemplos (antíteses), que mostram a novidade de Jesus em relação a antiga Lei: Perdão em vez de vingança, e Amor em vez de Ódio… (Mt, 5,38-48)

1) PERDÃO: “Ouvistes: Dente por dente, olho por olho…” É a conhecida Lei do talião, que não pretendia autorizar a vingança, mas limitar, proteger os direitos das pessoas contra os excessos da violência. Não podia ser maior do que a violência original… A intenção era 

EU: “Não ofereçais resistência ao malvado: Jesus cita quatro exemplos de situações de violência:

– Violência física:                Se te bater na Face direita à oferece a esquerda;

– Injustiça econômica:          Se tomar tua túnica à dá-lhe também o manto;

– Abuso do Poder:               Se mandar andar um Km à anda dois;

– Empréstimo:                     Se alguém te pedir à não vires as costas.

Na lógica dos homens é uma loucura… O próprio Cristo diante da bofetada, não ofereceu a outra face… mas protestou…

– A Lei antiga procurava limitar a violência, mas, na prática, justificava…

JESUS: Não é suficiente… o Cristão deve ser um sacramento de amor e de perdão.

PERDÃO: é uma extensão do amor. Através do perdão, o amor é confirmado e a paz se faz presente na relação humana. A não resistência ao malvado rompe o ciclo contínuo da vingança.-

– Perdão é cortar o mal pela raiz, extinguindo a maldade e o ressentimento.

  A dificuldade de perdoar impede o seguimento radical de Jesus Cristo

– Não é uma resignação fatalista, mas a não violência ativa do amor…

   (Exemplos: M.L.King, Gandhi, Dom Romero…)

– Suportar a injustiça não significa aprová-la, pode ser uma denúncia profética…

  = Amar como Deus ama é o núcleo do novo.

  Só assim podemos rezar o Pai Nosso: “Perdoai, assim como perdoamos..”.

 * O Espírito de vingança (“Talião” de hoje)  está bem enraizado também em nosso coração:  “Quem ri por último, ri melhor…”; “Não levo desaforo para casa…”

2) AMOR AOS INIMIGOS: “Ouviste o que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás (não é preciso amar) o teu inimigo…”

EU: “Amai os vossos inimigos, e rezai pelos que vos perseguem…”

 Já no Antigo Testamento encontramos:

. “Não guardes ódio no coração contra teu irmão”.

. “Não procures vingança, nem guardes rancor aos teus compatriotas”.

. “Amarás o próximo como a ti mesmo…” (1ª Leitura Lv 19,1-2.17-18) O texto esclarece que a “Santidade” que o Senhor exige não se manifesta em formas de religiosidade  externa, mas no amor ao irmão. Mas na prática, o amor ao próximo se limitava só para os compatriotas…

JESUS: amplia as dimensões da caridade: amar até os inimigos

  Motivo: Uns e outros são filhos de Deus = irmãos…

A compreensão de que somos todos filhos do mesmo Pai e Mãe e a percepção de que seu amor é sem limites leva à fraternidade universal, à solidariedade e à partilha, vivendo-se com alegria, tendo como meta a união e a paz. E nos apresenta um Modelo: O Pai Celeste: “Sede perfeitos como o Pai celeste é perfeito…” A Imitação de Deus, na sua perfeição ou santidade,concretiza-se no amor manifestado também ao inimigo. Trata-se de um amor gratuito e desinteressado,que supera a restrição à religião e à raça. “Desse modo vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus”. O amor sem distinção possibilita fazer a experiência de filhos, reproduzindo na terra a bondade do Pai celeste, que “faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos.”

O amor leva a superar o espírito de hostilidade, a vingança, o ódio e o rancor, para construir a fraternidade. Só assim nos tornamos verdadeiros filhos de Deus… – “Se amais aos que vos amam… que recompensa tendes?  também os publicanos (pecadores) o fazem…” – “Se saudais os vossos irmãos… Os gentios também o fazem…”

 * Será um programa realizável? Ou uma Utopia para sonhadores, uma loucura? Muitos cristãos provaram pelo seu testemunho heroico que é possível…

 A 2ª Leitura responde que é uma loucura para os homens, mas é “Sabedoria” para Deus. (1Cor 3, 16-23)

 + Temos inimigos a perdoar e rezar por eles?

+ Pessoas que não gostamos ou que não gostam de nós?

+ Qual a nossa atitude para com elas?

+ A Eucaristia que celebramos é de fato um gesto de COMUNHÃO com Deus e os irmãos?

 (Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa – 19.02.2017)