10.02.2018

Os Excluídos

Kavango,Namibia - October 15, 2014: Happy Namibian school children waiting for a lesson. Kavango was the region with the highest poverty level in Namibia, more than 50% of the population were classified as poor.

Marcos, no seu Evangelho, vai mostrando: “Quem é Jesus”. Não se preocupa com definições abstratas… mas apresenta concretamente Jesus agindo. A partir de seus gestos, podemos descobrir quem ele é:

– Jesus liberta o homem possuído por um espírito mau;

– Estende a mão à sogra de Pedro e ajuda a levantar-se;

– HOJE vemos a sua atitude para com os marginalizados e EXCLUÍDOS.

A 1 a Leitura mostra severa discriminação dos LEPROSOS, na lei de Moisés: “O leproso andará com vestes rasgadas, cabelos soltos e barba coberta… Viverá isolado, morando fora do acampamento…  Ao se encontra com alguém, deve gritar: sou impuro…” (Lv 13,1-2.44-46)

O preceito se explica pela preocupação de contágio e pelo conceito dos hebreus, que viam na lepra um castigo de Deus… O Leproso era assim um castigado de Deus e um excluído da comunidade.

Na 2ª Leitura, Paulo convida a “fazer tudo para a glória de Deus”. (1Cor 10,31-11,1)

 No Evangelho, vemos a atitude de Cristo para um LEPROSO: purifica o doente e o reintegra na sua comunidade. (Mc 1,40-45)

– Um leproso, contrariando a lei, aproxima-se de Jesus… e de joelhos implora: Se queres, podes limpar-me…”

– Jesus se compadece”, “estende a mão e toca-oe restitui a saúde: “Eu QUERO, fica curado…” Ao acolher e tocar o leproso, Jesus transgredia a lei, que proibia tocar neles. Mas logo em seguida a cumpre: manda apresentar-se ao Sacerdote, a quem cabia a decisão de reconhecer a cura e reintegrar na comunidade. Para Cristo, a caridade está acima da Lei… Jesus “compadecido” cura dois males: o mal da solidão e o mal da lepra. E reintegra o leproso na convivência fraterna…

– O Leproso, ao experimentar o poder salvador de Jesus, torna-se um ardoroso testemunha do amor e da bondade de Deus.

* Deus não exclui ninguém.

Todos são chamados a integrar a família dos filhos de Deus. O Leproso não é um marginal, um pecador condenado, um homem indigno, mas um filho amado a quem Deus quer oferecer a Salvação e a vida.

* O Caminho do leproso deve ser o caminho de todo discípulo:

– Vir a Jesus, aceitar a própria limitação humana,

– experimentar a misericórdia e o poder libertador do Senhor

– e finalmente tornar-se testemunha das grandes obras de Deus.

* Outros vêm nesse episódio elementos do Sacramento da Penitência:

A Penitência é um encontro com Jesus, que cura da lepra do pecado e reintroduz na comunidade eclesial.

Os leprosos de hoje…

 Infelizmente a “lepra” ainda hoje existe em nossa sociedade e na Igreja. Há muitos excluídos, mantidos “fora do acampamento”.

– São rejeitados, como se fossem leprosos, todos os “DIVERSOS”: os que pensam ou agem diferente de nós….

– E quando alguém se sente um “leproso”, a quem ele deve se dirigir? Será que poderá contar com o apoio dos cristãos de sua comunidade, com a mesma confiança do leproso que procurou Jesus ? Leprosos de hoje são os que vivem nos barracos das favelas das cidades ricas;são os desempregados das cidades industriais; os jovens drogados,vítimas de uma sociedade consumista; são as crianças abandonadas são os idosos sem vez no emprego e na família, como produto descartável…

= São lepras que matam muito mais do que a lepra do tempo de Jesus.

+ Jesus não teve repugnância dos leprosos

Pelo contrário, aproxima-se deles, porque vê neles um filho de Deus.

* Qual é a nossa atitude para com eles? Nossos preconceitos, nosso legalismo não estão criando marginalização e exclusão para os nossos irmãos?

Jesus sentiu “compaixão“…

* O que sentimos diante do sofrimento, da injustiça, da miséria de um irmão?  “Estendemos a mão” ou apenas lamentamos: “Coitado“?

O encontro com Jesus transformou totalmente a vida do leproso.

Ele não podia esconder a alegria, que esse encontro produziu na sua vida e sentiu a necessidade de dar testemunho.

* O nosso encontro com Cristo nessa eucaristia nos torna capazes de testemunhar no meio de nossos irmãos, com alegria e entusiasmo, a libertação que Cristo nos trouxe?

– Quais são os NOSSOS leprosos… que excluímos do nosso convívio? Estamos dispostos, a exemplo de Cristo, nos aproximar deles e estender a nossa mão?

O Leproso não tem nome, não se diz o lugar, nem o tempo em que foi curado. É para que o nome seja o MEU, o lugar seja AQUI, e o tempo seja AGORA.

– Qual é a sua lepra?

Quando o Evangelho é anunciado, se me entrego a Jesus e me converto, realiza-se em mim aquilo que é narrado: “Quero, fica purificado”.

                     Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa – 11.02.2018