06.06.2021

“Quem é minha mãe”

D-Keine-Istock

A Liturgia, através das leituras bíblicas, vai nos introduzindo nos Mistérios de Deus e iluminando a realidade humana. No Mundo em que vivemos, existem muitos males. Nasce espontânea a pergunta: “Qual é a sua origem?” Na busca de um responsável, somos levados a ACUSAR alguém como culpado.

A Bíblia tem uma resposta clara dessa situação e de todos os muros que separam e oprimem as pessoas: é o pecado. O homem rompeu a sua relação amorosa com Deus e surgiu uma mudança essencial em sua vida. Pretendeu libertar-se de Deus e tornou-se escravo de suas paixões e egoísmos.

A 1ª Leitura fala do primeiro Pecado no mundo, com Adão e Eva.  (Gn 3,9-15))

Esses capítulos da Bíblia não querem mostrar como aconteceu no início… mas sim levar a refletir sobre o caos social em que viviam os homens no tempo em que o autor sagrado escreveu. Deus fez todas as coisas perfeitas. Por isso, esse mundo conturbado não poderia ser o que Deus queria… Então como deveria ter sido?

– Qual é a causa e a origem de tudo isso? A “serpente” seduziu e continua seduzindo o homem para se apropriar dos frutos proibidos…

Consequência: surge a desarmonia na natureza, com os homens, com Deus…

– O HOMEM não se encontra mais no lugar que lhe foi designado na Criação.

– Teve medo e se escondeu… “Onde estás?”

– Adão acusa Eva, Eva acusa a serpente…

– Sente-se “Nu”, despojado da dignidade com que foi criado…

– Abala a ordem da natureza: Perde a fertilidade e produz espinhos e ervas daninhas…

– Mas a narrativa termina com uma Mensagem de Esperança: a luta entre a “serpente” e o homem continuará até o fim dos tempos. Mas a descendência de uma mulher conquistará a vitória final, esmagará a cabeça da “serpente”.

* O PECADO é a origem do mal: rompeu a harmonia da criação de Deus.  E ergueu muitos muros, que separam e oprimem os homens…

Na 2ª Leitura, Paulo manifesta seu interesse pela Comunidade de Corinto e expõe os motivos pelos quais sofre com paciência: a esperança da ressurreição gloriosa e a fé no prêmio que espera. (2 Cor 4,13-5,1)

No Evangelho, Jesus aponta o caminho para lutar contra o mal: Convida aos que formam a “sua família”, como Maria, a fazer sempre a vontade de Deus. (Mc 3, 20-35) Os familiares de Jesus chegam e, de fora, mandam chamá-lo. Não entram; ele que deve sair: querem levá-lo de volta a Nazaré. Estão preocupados… julgam que ele “está fora de si”.  Os próprios familiares ergueram um muro de descrédito e indiferença… Os Mestres da lei pretendem desprestigiar o Mestre diante do Povo e o acusam de endemoniado. Jesus contesta com duas imagens: “O reino dividido e a família dividida não poderão manter-se de pé”.

E indica a Nova família de Jesus. “Quem é minha mãe? Quem são meus irmãos?” A verdadeira família de Jesus, a partir de agora, é formada pelos que estão ao redor dele, numa atitude de companheiros na ação libertadora, e que fazem a vontade de Deus. É a Ponte que supera os muros para unir as pessoas em profundos laços de fraternidade… A relação mais intima com Jesus não se faz através do parentesco de sangue, mas na sintonia com sua prática libertadora. Quem faz a vontade de Deus será considerado irmão, irmã e mãe de Jesus.

* Maria era “Mãe” duplamente: porque gerou a Jesus e porque mais do que ninguém soube fazer sempre a vontade de Deus.

O pecado nasce e é fruto do orgulho e constroí muros..

– Adão acusa Eva… Eva acusa a serpente…

– Os judeus não aceitaram a conversão e acusaram Cristo de endemoniado…

– Os familiares de Jesus o acusam de louco… Querem levá-lo pra casa… Quem acusa está se autodefendendo. Quem acusa está querendo se esconder atrás da acusação. Quem acusa quer ser superior, quer dominar, quer destruir.

– Quanto esposo acusando a esposa e vice-versa. Quantos filhos acusando os pais e vice-versa. Quantos adultos acusando os jovens e quantos jovens acusando os adultos. Quantas pessoas acusando parente, vizinho… A acusação e as fofocas acabam com o diálogo entre as pessoas. São a morte do diálogo. Quem acusa se acha maior. Há uma necessidade de busca de diálogo e não acusação.

Diálogo entre as comunidades.

  Sentar e conversar em pé de igualdade. Colocar as questões e juntos buscar as soluções para os problemas.

Diálogo em família.

  Pais e filhos em pé de igualdade. Sentir juntos os problemas, conversá-los e encontrar maneiras melhores de convivência e de realização.

Diálogo entre o casal.

  Os dois vivendo a experiência da diferença e da igualdade. Os dois comunicando-se e não se acusando. É a ponte que restabelece o verdadeiro espírito de família…

 Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa- 06.06.2021