“Segundo o Papa Francisco, a pandemia do Covid 19, que se alastra sobre toda a humanidade, nos oferece um chance de pôr em prática o mandamento que pode mudar a face da terra. Estamos diante de um grande sinal do céu. Nunca na história, a humanidade teve uma consciência tão clara de que os povos todos, desenvolvidos ou não; que as raças e as classes sociais todas, formamos uma única família, morando todos numa única “casa comum”. Por isso, em sua nova Encíclica, o Papa volta a evocar o exemplo de São Francisco que, chamando a todos de “Irmãos”, explicou o essencial duma fraternidade aberta, que permite reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas, independentemente da sua proximidade física, do ponto da terra onde cada um nasce ou habita (FT 1).
Mais adiante, o mesmo Papa, depois de mencionar o episódio da visita de São Francisco ao Sultão que nos mostra seu coração sem fronteiras, capaz de superar as distâncias de proveniência, nacionalidade, cor ou religião (FT3), arremata:
Aquela viagem, num momento histórico, marcado pelas Cruzadas, demonstrava ainda mais a grandeza do amor que queria viver, desejoso de abraçar a todos. A fidelidade ao seu Senhor era proporcional ao amor que nutria pelos irmãos e irmãs.
Sem ignorar as dificuldades e perigos, São Francisco foi ao encontro do Sultão com a mesma atitude que pedia aos seus discípulos: sem negar a própria identidade, quando estiverdes “entre os sarracenos e outros infiéis (…), não façais litígios nem contendas, mas sede submissos a toda a criatura humana por amor de Deus”. No contexto de então, era pedido extraordinário. É impressionante que, há oitocentos anos, Francisco recomende evitar toda a forma de agressão ou contenda e também viver uma “submissão” humilde e fraterna com quem não compartilha a sua fé.
Não fazia guerra dialética impondo doutrinas, mas comunicava o amor de Deus; compreendia que “Deus é amor, e quem permanece no amor, permanece em Deus”. (1 Jo 4,16). Assim foi pai fecundo que suscitou o sonho duma sociedade fraterna, pois “só o homem que aceita aproximar-se das outras pessoas com o seu movimento, não para retê-las no que é seu, mas para ajudá-las a serem elas mesmas, é que se torna realmente pai”. ( FT 1-4)
(Frei Dorvalino Fassini)
Paz e bênçãos!
Ir. Romana Rossetto.