“O maior dentre vós será aquele que vos serve.”
(Mt 20,17-28; Jr 18, 18-20; Sl 31)
O poder consegue despertar em nós o respeito e o medo, mas nunca o amor. A maioria dos cristãos imagina Deus como um ser todo-poderoso, onipotente, infinito, santo, eterno e onisciente. Acontece que todas as religiões dão a Deus esses mesmos atributos. Qual então a razão para dizermos que a religião cristã é a única verdadeira? O que significa o cristianismo como diferente das outras religiões?
Deus é realmente Onipotente e Todo-Poderoso, mas São Paulo, na Carta aos Romanos, diz que o poder de Deus consiste em chamar à existência as coisas que não existem e dar vida ao que está morto (cf.Rm 4,17. Nosso Deus é o Criador de tudo o que existe, e também tem o poder de ressuscitar os mortos, e dar-nos a vida eterna.
Deus, a quem não vemos, se revelou a nós na encarnação de seu Filho Jesus. “A Deus ninguém jamais o viu. O Filho Unigênito que está no seio do Pai, foi quem o revelou”. (Jo 1,18). É Jesus que vai nos revelar, por sua vida terrena, que Deus é AMOR. “Quem me viu, viu o Pai” (Jo 14,9).
Se você ler atentamente o Evangelho, vai descobrir que o único poder que Jesus tem é o de amar ao extremo, colocando seu poder a serviço da humanidade sofrida e necessitada de salvação. Nele não encontramos nenhuma outra forma de poder: é pobre e não tem nenhum poder econômico: é um cidadão comum e não tem nenhum poder político; é um fiel comum, e não tem nenhum poder dentro das Instituições religiosas de Israel, pois não pertence às elites sacerdotais do Tempo. O poder religioso e o político é que vão condená-Lo à morte. “Ele tinha a condição divina e não considerou ser igual a Deus, como algo a se apegar ciosamente, mas esvaziou-se a si mesmo e assumiu a condição humana, e, achado em figura de homem, humilhou-se e foi obediente até a morte e morte de cruz” (Fl 2,6-8).
Todo poder para Jesus consiste na capacidade de colocar tudo o que somos e temos a serviço dos nossos irmãos e irmãs. “Sabeis que aqueles que vemos governar as nações as dominam e os grandes as tiranizam. Entre vós não deve ser assim: pelo contrário, aquele que dentre vós quiser ser grande seja o vosso servidor e aquele que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o servo de todos. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” ( Mc 10,41-45).
Na cena do Lava-pés, encontramos o Deus-Onipotente, ajoelhado diante de nós, lavando nossos pés, como um escravo da humanidade. Um Deus que se revela como aquele que está inteiramente a nosso serviço no amor; Ele incomoda muito mais do que um Deus Todo-Poderoso. Não Lhe interessa ser venerado como Deus Todo-Poderoso que venha a justificar os abusos de poder dos poderosos deste mundo.
Procure, na sua oração de hoje, verificar qual sua imagem ou representação de Deus. Se você ainda tem medo de Deus, é sinal de que não encontrou ainda o Deus-Pai de amor e misericórdia, revelado por Jesus.
Reflexão dos Padres Jesuítas