Desde pequenos, aprendemos de nossos pais a fazer o sinal da cruz e chamar a Deus: de Pai, Filho e Espírito Santo. Assim com toda a naturalidade, estávamos invocando o mistério mais profundo de nossa fé e da vida cristã: o Mistério da Santíssima TRINDADE, cuja festa celebramos nesse domingo. Mais tarde, na catequese, nos apresentaram o mistério da Trindade como um exemplo clássico de coisa incompreensível. “É um mistério”!…
O que é um Mistério?
– Na natureza, existem muitos mistérios que hoje não conhecemos e que um dia poderão ser desvendados.
– Em Deus, o mistério nunca poderá ser totalmente compreendido, pela grandeza de Deus e pela nossa pequenez… mas podemos e devemos crescer no conhecimento desse mistério.
O que é então a Trindade?
A Santíssima Trindade é o Mistério de um só Deus em três pessoas. É uma comunidade de amor vivida pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo. Deus, como nos ensina São João, é Amor. E o amor é, ao mesmo tempo, três e um: aquele que ama, aquele que é amado e o amor entre os dois.
– Ao “Amor amante”, nós chamamos de PAI;
– ao “Amor amado”, de FILHO;
– ao “Amor que circula entre os dois e os abre para o mundo e a humanidade”, ESPÍRITO SANTO.
As Leituras nos ajudam a entender melhor esse tema central da fé:
– A 1a Leitura fala do PAI e da sua obra criadora. Põe em ação seu projeto: cria o universo com “Sabedoria” e Amor… (Pr 8,22-31)
– A 2a Leitura apresenta a obra do FILHO. Através dele Deus-Pai derrama sobre nós os seus dons (a paz, a esperança, o amor de Deus) e nos oferece a vida em plenitude. (Rm 5,1-5)
– A 3a leitura esclarece a missão do ESPÍRITO SANTO: completará a obra do Pai e do Filho, para que possamos aderir plenamente ao projeto do Pai e à obra salvadora do Filho. (Jo 16,12-15) + O Código do Catecismo da Igreja Católica afirma: “Deus deixou vestígios desse mistério na Criação e no Antigo Testamento, mas a intimidade de Deus Trindade constitui um mistério inacessível à inteligência humana e até mesmo à fé de Israel… Esse mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos os outros mistérios”. (CCIC 45)
Só CRISTO nos revelou claramente essa verdade:
– Fala constantemente do PAI:
– Felipe: “Mostra-nos o Pai…” (Jo 14,8) Jesus: “Felipe… quem me vê, vê o Pai”. (Jo 14,8)
– “Quem observa os meus mandamentos… o Pai o amará… e viremos nele e faremos nele morada…” (Jo 14, 23)
– Ensina a Rezar: “Pai Nosso…” (Lc 11,1 ss)
– Promete muitas vezes o ESPÍRITO SANTO: “Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena Verdade” (Jo 16,13)
– Quando se despede, no dia da Ascensão, afirma: “Ide… e batizai em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.” (Mt 28, 19)
+ Por que Jesus nos revelou? Para nos deixar mais um problema? Não…
– É um gesto de amor e de amizade: Nós revelamps os segredos de nossa vida íntima a quem confiamos… a quem amamos… Porque Deus nos ama, quis revelar os segredos de sua vida íntima…
– É um convite a também viver em comunhão… em comunidade… “Pai, que todos sejam um, como eu e tu somos um…” (Jo 17,11)
A Trindade é o modelo da comunidade sonhada por Deus.
+ A FESTA DA TRINDADE:
– Não é apenas uma oportunidade para falar da Trindade e compreender e decifrar essa estranha charada de “Um em Três”…
– É um convite para contemplar Deus, que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor. Deus não é um ser solitário que vive sozinho perdido no infinito. O princípio do Amor é o Pai. Sua realização concreta está no Filho Jesus.
A perpetuação desse amor é o Espírito Santo.
– É a festa da COMUNIDADE. As Comunidades cristãs devem, ser a expressão desse Deus, que é amor, que é comunidade, vivendo numa experiência verdadeira de amor, de partilha, de família, de comunidade… pois a Trindade é a melhor das comunidades.
– É a festa do BATISMO, que nos tornou participantes da vida da Trindade. Hoje somos chamados a renovar nosso compromisso batismal para sermos reflexos da Santíssima Trindade, sinais de comunhão. Quanto mais nos esforçamos para viver em comunhão, de partilha e de esperança num mundo tão dividido, individualista e desesperançado, melhor entendemos o Mistério da Santíssima Trindade.
Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa – 12.06.2022