No cotidiano, muitas vezes em uma rotina frenética, no qual o tempo parece escasso e as preocupações são constantes, é fácil negligenciar a importância da oração pessoal e comunitária. No entanto, o Papa Francisco, em suas catequeses, apresenta diferentes situações nas quais a oração é uma das características marcantes da vida de Jesus. Neste post será apresentada a importância da oração na vida diária, destacando como ela pode fortalecer sua espiritualidade e a conectar-se com o transcendente. Prepare-se para conhecer e aprofundar alguns aspectos da oração.
O Mistério da oração
A oração nasce no lugar interior que muitas vezes os autores espirituais chamam de “coração”. Portanto, o que reza em nós não é algo periférico, mas é o mistério mais íntimo de nós mesmos. As emoções rezam, mas não se pode dizer que a oração é unicamente emoção. A inteligência reza, mas rezar não é apenas um ato intelectual. O corpo reza, mas pode-se falar com Deus até na invalidez mais grave. Por conseguinte, é a pessoa toda que ora, se o seu “coração” reza.
A oração pertence a todos: às pessoas de todas as religiões e, provavelmente, também àqueles que não professam religião alguma. A oração é um impulso, uma invocação que vai além do “eu”, nasce no íntimo da pessoa e se estende, pois sente a nostalgia de um encontro. Aquela nostalgia que não se limita a uma carência ou necessidade, mas sim de coloca-nos a caminho.
A oração do cristão nasce de uma revelação
O cristianismo é a religião que celebra continuamente a “manifestação” de Deus, ou seja, a sua epifania. As primeiras festas do ano litúrgico são as celebrações desse Deus que não permanece escondido, mas que oferece a sua amizade à Humanidade. Deus revela a sua glória na pobreza de Belém, na contemplação dos Magos, no batismo do Jordão e no prodígio das bodas de Caná. O Evangelho de João conclui o grande hino do Prólogo com esta afirmação sintética: “Ninguém jamais viu a Deus: o Filho único, que está no seio do Pai, foi quem o revelou” (Jo 1, 18).
Pela oração, os cristãos entram em relação com um Deus de rosto profundamente terno, que não incute medo, mas proximidade. Essa é a primeira e importante caraterística da prece cristã.
Oração e meditação
A oração do cristão é, inicialmente, um encontro com o próximo: o encontro com o transcendente, Deus. Se uma experiência de oração proporciona paz interior, autodomínio e/ou lucidez no caminho a empreender, esses resultados são também consequência da graça da perseverança, que leva ao encontro pessoal com Jesus.
Logo, meditar significa ir ao encontro de Jesus, guiados por uma frase ou uma palavra da Sagrada Escritura. O Catecismo da Igreja Católica especifica: “A meditação põe em ação o pensamento, a imaginação, a emoção e o desejo. Esta mobilização é necessária para aprofundar as convicções de fé, suscitar a conversão do coração e fortalecer a vontade de seguir a Cristo. A oração cristã dedica-se, de preferência, a meditar nos ‘mistérios de Cristo’” (n. 2708).
Oração contemplativa
Ser contemplativo não depende dos olhos, mas do coração. Por isso a relevância da oração, como um ato de fé, amor e “respiro” na relação com Deus. A oração purifica o coração, ilumina o olhar, favorecendo captar a realidade sob outro ponto de vista. O Catecismo descreve essa transformação do coração pela oração, citando um famoso testemunho do Santo Cura d’Ars: “A contemplação é o olhar da fé, fixado em Jesus. “Eu olho para Ele e Ele olha para mim” – dizia um camponês d’Ars em oração diante do sacrário. […] A luz do olhar de Jesus ilumina os olhos do nosso coração; ensina-nos a ver tudo à luz da sua verdade e da sua compaixão para com todos os homens” (Catecismo da Igreja Católica 2715). Tudo nasce disso: de um coração que se sente visto com amor.
Em conclusão, a oração desempenha um papel fundamental em nossa vida cotidiana, proporciona coragem, esperança e crescimento. Assim como uma lâmpada precisa de eletricidade para iluminar, a fé requer a oração para seguir adiante. Transmitir a fé, de geração em geração, é essencial para manter viva a chama da esperança e da confiança em Deus. Sem fé, tudo desmorona e, sem a oração, a fé se extingue. Portanto, é necessário valorizar e cultivar a prática da oração em nossas vidas, seja de maneira pessoal ou comunitária, pois ela nos conecta com o divino e nos fortalece em todos os momentos.