A Eucaristia é, por excelência, um “mistério da fé”. É por esse sacramento que a palavra de Deus encontra vida e se torna realidade em nossas vidas. A fé, alimentada pelo encontro com a graça do Senhor ressuscitado, cresce e se fortalece na participação na Eucaristia. Neste post, a proposta é refletir como esse Sacramento de Amor é o ponto de partida para todos os caminhos autênticos de fé, comunhão e testemunho cristão, experiência de encontro com Cristo, que se faz alimento para nós.
A Eucaristia
A exortação apostólica pós-sinodal “Sacramentum Caritatis”, Sacramento da Caridade, do Papa Bento XVI, diz que “… a Eucaristia é a doação que Jesus Cristo faz de Si mesmo, revelando-nos o amor infinito de Deus por cada homem. Neste sacramento admirável, manifesta-se o amor ‘maior’: o amor que leva a ‘dar a vida’ pelos amigos” (Jo 15, 13). No sacramento da Eucaristia, Jesus revela-nos, de modo particular, a verdade do amor, que é a própria essência de Deus. Essa é a verdade evangélica que interessa a todos os homens e mulheres de todos os tempos. Cristo se fez alimento verdadeiro para nós e a Igreja dirige-se à humanidade convidando-a a acolher livremente o dom de Deus.
O memorial da Páscoa de Jesus
O memorial da Páscoa de Jesus não significa uma recordação, uma simples lembrança, mas a participação no mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo. Nas celebrações Eucarísticas, na Santa Missa, sobre o altar há uma cruz, a qual indica que ali se oferece o sacrifício de Cristo: é Ele o alimento espiritual recebido, sob as espécies do pão e do vinho.
Ainda no documento “Sacramentum Caritatis” lemos: no sacramento do altar o Senhor vem ao encontro do Homem, criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1, 27). Com efeito, nesse sacramento, Jesus torna-Se alimento para o Homem, sedento de verdade e de liberdade. Uma vez que só a verdade pode tornar-nos verdadeiramente livres (Jo 8, 36), Cristo faz-Se alimento. Sendo Cristo alimento de Verdade para nós, o convite se estende a todos para acolherem livremente o dom de Deus.
Fé e comunhão
A Carta Encíclica “Ecclesia de Eucharistia” – Igreja vive da Eucaristia, do Papa São João Paulo II, sinaliza que a Eucaristia é o sacramento culminante para levar à perfeição a comunhão com Deus Pai, pela identificação com o seu Filho Unigênito, por obra do Espírito Santo. Com grande intuição de fé, um notável escritor de tradição bizantina assim exprimia essa verdade: na Eucaristia, “mais do que em qualquer outro sacramento, o mistério [da comunhão] é tão perfeito que conduz ao apogeu de todos os bens: nela está o termo último de todo o desejo humano, porque nela alcançamos Deus e Deus une-Se conosco pela união mais perfeita”.
Por isso mesmo, é imprescindível cultivar continuamente o desejo do sacramento da Eucaristia. Assim nasceu a prática da “comunhão espiritual”, em uso na Igreja há séculos, recomendada por santos mestres de vida espiritual. Escrevia Santa Teresa de Jesus: “Quando não comungais e não participais na Missa, comungai espiritualmente, porque é muito vantajoso. […] Deste modo, imprime-se em vós o amor de nosso Senhor”.
Em suma, nutrir-se da Eucaristia é fundamental na busca da santidade e plenitude de vida no Espírito Santo. É por ela que há transformação e fortalecimento das virtudes. Além disso, a Eucaristia nos sustenta para continuarmos a jornada na história, nutrindo uma esperança ativa nas responsabilidades diárias com a família e no trabalho.