21.06.2021

Biografia da Ir. Cacilda Pedron

 

Irmã Cacilda nasceu no dia 05 de setembro de 1939, no Município de Machadinho, interior do Rio Grande do Sul. Era a 2ª filha do Sr. Severino Pedron e Sra. Gemília Pozzer Pedron, um casal cristão, muito feliz, que ganhava o seu sustento cuidando da terra, do plantio e da colheita. Na pia batismal, recebeu o nome de Zulmira.

Por ser a primeira filha mulher, fazia muitas vezes o papel de mãe para os irmãos mais novos.

Ela conta: “A reza do terço era a nossa oração da noite, finalizada com a bênção dos pais. Aos domingos, toda a família andava a pé 12Km para ir à Missa. Quando voltávamos, a roupa de domingo era guardada com cuidado.”

Frequentou os primeiros anos escolares com as Irmãs Franciscanas Catequistas da localidade. Ela lembra: “Tinha um bom relacionamento com elas e despertou-me a vontade de ser Irmã também” 

E continua seu depoimento: “Eis que, certo dia, apareceu na nossa casa a Ir. Anselma Alt, Irmã Franciscana de Ingolstadt, que perguntou à minha mãe se era aí que havia uma jovem que queria ser Irmã. A mãe confirmou.  Perguntei à Irmã se me levaria naquele dia. Disse-me ela: “Na próxima semana venho te buscar”.

Essa semana foi bem difícil. Pensava nos meus pais, pois era a primeira filha mulher e o braço direito da mãe em casa. No último dia, conversando com meus pais, meu pai disse: “É duro ficar sem você, mas pode ir com a Irmã. Eu ajudo a mãe”.

Aos 11 de fevereiro de 1954 entrou no Juvenato da Congregação, em Esteves Júnior, Santa Catarina. Tinha, então, 14 anos.

Os primeiros meses foram muito difíceis, afirma a Irmã, pois “sentia saudades de casa e lembrava de meus pais e irmãos que estariam precisando da minha ajuda. A Ir. Anselma me consolava e dizia: Você tem tudo para ser uma boa Irmã. Esta frase ela repetiu muitas vezes e o meu coração acalmou-se. A forma de vida das Irmãs foi me encantando e trazendo grandes perspectivas”.

Em janeiro de 1955, foi conduzida para a Comunidade do Colégio N. Sra. Aparecida, São Paulo. Aí trabalhou e destacou-se como ajudante da Ir. Concórdia Steger, na limpeza da casa e do Colégio. Ela conta: “Aprendi muito com Ir. Concórdia. Ensinou-me a ser um cartão de visita para as pessoas”.

Continuou seus estudos e iniciou as etapas de formação específicas na Congregação, na mesma Comunidade, em São Paulo.

Aos 02 de julho de 1960, ingressou no Postulantado.

Em 06 de janeiro de 1961, vestiu o hábito da Congregação, recebendo então o nome de Irmã Maria Cacilda.

Concluído o ano de Noviciado, emitiu os primeiros votos aos 6 de janeiro de 1962.

Transcorridos três anos de Juniorato, professou os Votos Perpétuos, aos 6 de janeiro de 1965. Ela assim se expressa: “Nesta ocasião, diante do altar, eu disse, no silêncio do meu coração, perguntando para mim mesma: ‘Irmã, é para sempre esta consagração?’ Respondi: ‘Sim, Jesus, dai-me coragem e perseverança neste caminho!”

Foi, então, marcar presença e atuar em outras Comunidades.  

Foi transferida três vezes. A 1ª. vez foi como “arrancar uma árvore com raiz e tudo”. Foi prestar seus serviços na Comunidade e Colégio N. Sra. de Fátima, em S. Miguel do Iguaçu, PR, (de 1969 a 1977). Aí também marcou presença significativa com as formandas que iniciavam sua caminhada vocacional. “Tinha para com elas muito amor, delicadeza, mansidão, paciência. Para cada uma tinha um elogio ou conselho a dar. E era sempre muito alegre”.

Em 1977, retornou para a Comunidade do Colégio N. Sra. Aparecida, em São Paulo.

Em 1980, foi transferida para Baependi, Minas Gerais, onde ficou por 4 anos. “Foi como podar uma árvore”, diz ela.

E a 3ª foi para a Comunidade da Escola Santa Clara, em Embu-Guaçu, SP, no ano 1984, onde permaneceu até 1995. “Foi como colocar água para a árvore não morrer”, disse ela.  “Aprendi muito com cada uma das transferências, pois pude ver outras realidades e me tornei mais universal e menos egoísta. Aprendi também a ver a vida com mais gosto, apesar de ter havido momentos difíceis e embaraçosos.”

Em 1987, celebrou o Jubileu de 25 anos de Vida Consagrada e, em 2012,  o de 50 anos e assim se expressou: : “Hoje, me sinto feliz por ter vencido. Valeu a pena viver cada momento com seus altos e baixos, fraquezas e vitalidade, fracassos e êxitos, alegrias e tristezas. Hoje eu digo com toda a convicção que, para ser feliz, é preciso rezar sempre, não ter medo de comunicar-se com os outros, saber ouvir, respeitar, perdoar, ser simples. A vida é uma caminhada. Agradeço a Deus e a todas as pessoas que me ajudaram a caminhar até aqui.”

Em 1995, foi para Irati, Paraná, onde dedicou todo seu amor e carinho às crianças em situação de risco, acolhidas na Instituição “Santos Inocentes”.  Lá permaneceu até 2006. Neste período teve a oportunidade de visitar a Alemanha, a convite da benfeitora Sra. Eva Linsky, como representante da Instituição onde atuava.  

Em 2007, por motivos de saúde, passou a fazer parte da Comunidade N. Sra. da Paz, Ponta Grossa/PR.  Ali, pôde demonstrar toda sua admiração à natureza, às plantas, aos animaizinhos.

Em 2015, sofreu uma queda, em consequência da acentuada osteoporose, fraturando o fêmur, necessitando de cuidados específicos. Foi, então, acolhida na Comunidade São Francisco, Ponta Grossa/PR, que oferecia melhores condições para atender suas necessidades e que não mediu esforços para prestar-lhe toda a assistência e cuidados necessários.

E, em 2019, passou a pertencer à Comunidade Mãe da Divina Graça, São Paulo/SP,  Comunidade recém constituída, especialmente preparada para atender as Irmãs idosas ou com problemas de saúde. A cada uma das Irmãs desta Comunidade e aos profissionais da saúde que prestaram sua ajuda fraterna, somos muitíssimo gratas.

Gratidão é o sentimento que mais fala ao nosso coração. Tão pequena em estatura, Ir. Cacilda foi grande em sua maneira de servir, de se superar, de ir além das coisas comuns que sabia fazer, em todas as Comunidades por onde passou. Gratidão pelos vários trabalhos prestados por suas mãos laboriosas, por seu falar baixinho, respeitoso e delicado. Foi, no levantar para mais um dia de servir, que ela se machucou e, pela dor cada vez mais profunda e arrasadora, a fez dependente das suas Irmãs, do seu amor fraterno e constante, por vários anos. Sempre lembraremos do seu sorriso acolhedor, do seu braço estendido para nos receber com o afeto de quem agradece e nos quer por perto! De todo o bloqueio interno e externo  que a doença  lhe causou, dos cuidados dispensados, do amor testado em atos pelas Irmãs das Comunidades que dela cuidaram e em serena companhia e partilha conviveram, ficam gravados  em nós, para nós: o amor e o carinho das Irmãs que a serviram; a expressão dos seus gestos pedindo ajuda, socorro, alimento, compaixão e afeto; o testemunho  da sua fé, rezando junto, repetindo a prece gravada  pela prática  da oração  diária e repetida sempre com o mesmo esforço e devoção  para  estar com Deus, para  servir e adorar o Senhor da Vida a quem ela se consagrou, fazendo-se sua humilde serva! 

No dia 18 de junho de 2021, fez sua Páscoa definitiva, indo repousar nos braços do Pai, em companhia das outras nossas Irmãs da Congregação, que a precederam na eternidade, bem como dos seus pais e familiares falecidos. 

Descanse em paz, Irmã Cacilda!

Interceda por nós, por seus familiares e pelas  pessoas a quem amou e por quem foi amada.