Queridas Irmãs.
“Em tempos de corona-vírus…” Assim comeҫam, nestas últimas semanas, muitos artigos dos jornais e as notícias transmitidas pelos meios de comunicaҫão social. Estes fazem chegar a nós uma verdadeira enxurrada de comunicaҫões, conselhos, orientaҫões, bênҫãos… Não damos conta de ler e ouvir tudo, nem conseguimos “digerir” o seu conteúdo.
Acabei de fazer um curto passeio até a mais próxima caixa do correio. A temperatura lá fora está agradável, o sol brilha em todo o seu esplendor, em toda a parte há uma explosão de cores e formas das flores e das folhas tenras das plantas. Pássaros grandes e pequenos cantam e comeҫam a preparar os ninhos para os filhotes, que virão em breve. Um casal de patos selvagens nos visita todos os anos e se diverte no pequeno aҫude que há no centro do pátio do Generalato. É a primavera!
Observei que a natureza está em perfeito contraste com a realidade humana, pois um pequeno vírus botou o mundo dos homens e das mulheres de cabeҫa para baixo. É impressionante a capacidade de “globalizaҫão” deste pequeno ser!
No caminho para a caixa do correio encontrei uma dupla correndo: uma jovem mulher e uma menina. Certamente estavam fazendo o “cooper” em torno do quarteirão, atividade esportiva que ainda é permitido fazer. A menina não conseguia acompanhar o ritmo da moҫa, que poderia ser sua irmã ou sua mãe. Em dado momento a menina gritou atrás da mais velha: “Nicht so schnell, ich bin schon müde”! (“Não tão depressa, já estou cansada!”). Na volta da minha caminhada encontrei a mesma dupla, mas a menina corria com o auxílio de um “roller”.
E pensei com meus botões: nas últimas décadas a humanidade se pôs a correr, sempre mais depressa, nem sempre sabendo o porquê desta maratona. Precisou aparecer um minúsculo ser, um vírus, para brecar esta corrida desenfreada. Ele conseguiu parar o mundo. E eu me pergunto: onde ficou a forҫa salvadora da vida, paixão, morte e ressurreiҫão de Jesus que, nós, cristãos, deveríamos viver e transmitir ao mundo? Por que o criatianismo ainda não conseguiu “parar” a humanidade, para fazê-la viver a mensagem transformadora de Jesus?
Nas últimas semanas vivemos uma “clausura” imposta de fora. Aproveitemos a parada, tão difícil para muitas pessoas, até para alguns religiosos, para repensar a nossa vida, para exercitar a solidariedade com todos os que sofrem, para valorizar e apoiar os que cuidam dos doentes, para rezar e fazer algum sacrifício, preparando-nos, assim, para a celebraҫão da memória da Páscoa de Jesus e para tomar consciência da nossa Páscoa, que acontece todos os dias.
“Nestes tempos de corona-vírus…” estou unida a todas vocês e lhes desejo uma abenҫoada Páscoa. Também o estão as Irmãs do Generalato e da Casa-Mãe.
Feliz e abenҫoada Páscoa!
Com o carinho de sempre,
Ir. Paula Krindges Abril 2020.
Superiora Geral.