Frei Gustavo Medella
“Ouve a voz do Senhor, teu Deus, e observa todos os seus mandamentos e preceitos, que estão escritos nesta lei. Converte-te para o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma. Na verdade, este mandamento que hoje te dou não é difícil demais, nem está fora do teu alcance” (Dt 30,10-11).
– Onde está Deus?
– Está bem perto de você e é muito fácil encontrá-lo!
Este seria um brevíssimo resumo da mensagem contida nas leituras deste 15º Domingo do Tempo Comum. Tanto o Evangelho (Lc 10,25-37) quanto a Primeira Leitura (Dt 30.10-14) vêm insistir na presença próxima de Deus junto ao ser humano. Este é o “suprassumo” da Teologia Cristã: um Deus que se faz próximo e que facilmente se deixa encontrar.
Quanto à proximidade, parece ser um ponto pacífico a partir do Mistério da Encarnação. Agora, o que diz respeito à facilidade, neste ponto parece haver a necessidade de um aprofundamento na reflexão. Encontrar Deus na vida e no dia a dia é fácil e não é fácil ao mesmo tempo.
É fácil se levarmos em conta a predileção de Jesus pelos últimos e pelos pequenos, a ponto de afirmar: “O que fizestes a um dos menores destes meus irmãos, a mim o fizestes” (Mt 25,40). Este critério multiplica exponencialmente a presença divina no seio da sociedade, nos semáforos da vida, limpando para-brisas a troco de moedas, retirando o alimento próprio e da família em meio à podridão das latas e dos lixões, implorando uma consulta ou um exame nas imensas filas dos hospitais, amargando a humilhação do desemprego e da falta de perspectiva, abandonado nos asilos e orfanatos, dormindo nas esquinas e calçadas sem banho, sem nome, sem nada. Encontrar este Deus que sofre está ao alcance de qualquer um. Basta uma volta a pé na esquina de casa ou um pequeno deslocamento até as periferias de qualquer cidade. Sempre será possível e fácil encontrar Deus, em qualquer hora e lugar.
Este encontro, no entanto, não é fácil se levarmos em conta o exercício de superação e entrega que devemos fazer para encontrar Deus. Afinal, não será um encontro agradável aos sentidos, pois, nestes irmãos, o Senhor se apresenta faminto, mal cheiroso, às vezes grosseiro e quase sempre incapaz de nos oferecer algo em troca. Certamente teremos também que deixar de lado opções bem mais confortáveis e prazerosas para irmos ao encontro destes irmãos, colocando-nos a serviço deles.
A Parábola do Bom Samaritano (Lc 10,25-37), apresentada do Evangelho, ilustra com maestria este desafio e mostra que nem sempre é fácil se priorizar de fato o que é prioritário. O levita e o sacerdote certamente tinham compromissos suficientes para justificar sua indiferença em relação àquele que jazia quase morto à beira do caminho. Mudar os planos àquela altura não seria nada fácil. Permaneceram fiéis a seus compromissos e certamente cumpriram com desenvoltura seu papel social. No entanto, perderam a oportunidade de estarem mais próximos de Deus.
O samaritano, porém, foi capaz de sensibilizar-se com aquela cena de dor, sofrimento e abandono. Colocou em segundo plano a própria agenda e entregou-se de corpo e alma ao cuidado daquele que naquela hora mais precisava de sua atenção. Fez a melhor escolha, abraçou o Senhor que o estava visitando na figura daquela pobre vítima. Viver samaritanamente significa ter os olhos e o coração atentos a perceber a presença de Deus nos fatos e nas pessoas e a coragem de superar as próprias conveniências para ir ao encontro do Senhor.
Frei Gustavo Medella