Nesse domingo, Jesus nos coloca a essência do seu ensinamento: O AMOR, para sermos “perfeitos como o Pai”.
O Evangelho apresenta mais dois exemplos (antíteses), que mostram a novidade de Jesus em relação a antiga Lei: Perdão em vez de vingança, e Amor em vez de Ódio… (Mt, 5,38-48)
1) PERDÃO: “Ouvistes: Dente por dente, olho por olho…” É a conhecida Lei do talião, que não pretendia autorizar a vingança, mas limitar, proteger os direitos das pessoas contra os excessos da violência. Não podia ser maior do que a violência original… A intenção era
EU: “Não ofereçais resistência ao malvado…“: Jesus cita quatro exemplos de situações de violência:
– Violência física: Se te bater na Face direita à oferece a esquerda;
– Injustiça econômica: Se tomar tua túnica à dá-lhe também o manto;
– Abuso do Poder: Se mandar andar um Km à anda dois;
– Empréstimo: Se alguém te pedir à não vires as costas.
Na lógica dos homens é uma loucura… O próprio Cristo diante da bofetada, não ofereceu a outra face… mas protestou…
– A Lei antiga procurava limitar a violência, mas, na prática, justificava…
– JESUS: Não é suficiente… o Cristão deve ser um sacramento de amor e de perdão.
PERDÃO: é uma extensão do amor. Através do perdão, o amor é confirmado e a paz se faz presente na relação humana. A não resistência ao malvado rompe o ciclo contínuo da vingança.-
– Perdão é cortar o mal pela raiz, extinguindo a maldade e o ressentimento.
A dificuldade de perdoar impede o seguimento radical de Jesus Cristo
– Não é uma resignação fatalista, mas a não violência ativa do amor…
(Exemplos: M.L.King, Gandhi, Dom Romero…)
– Suportar a injustiça não significa aprová-la, pode ser uma denúncia profética…
= Amar como Deus ama é o núcleo do novo.
Só assim podemos rezar o Pai Nosso: “Perdoai, assim como perdoamos..”.
* O Espírito de vingança (“Talião” de hoje) está bem enraizado também em nosso coração: “Quem ri por último, ri melhor…”; “Não levo desaforo para casa…”
2) AMOR AOS INIMIGOS: “Ouviste o que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás (não é preciso amar) o teu inimigo…”
EU: “Amai os vossos inimigos, e rezai pelos que vos perseguem…”
Já no Antigo Testamento encontramos:
. “Não guardes ódio no coração contra teu irmão”.
. “Não procures vingança, nem guardes rancor aos teus compatriotas”.
. “Amarás o próximo como a ti mesmo…” (1ª Leitura Lv 19,1-2.17-18) O texto esclarece que a “Santidade” que o Senhor exige não se manifesta em formas de religiosidade externa, mas no amor ao irmão. Mas na prática, o amor ao próximo se limitava só para os compatriotas…
– JESUS: amplia as dimensões da caridade: amar até os inimigos…
Motivo: Uns e outros são filhos de Deus = irmãos…
A compreensão de que somos todos filhos do mesmo Pai e Mãe e a percepção de que seu amor é sem limites leva à fraternidade universal, à solidariedade e à partilha, vivendo-se com alegria, tendo como meta a união e a paz. E nos apresenta um Modelo: O Pai Celeste: “Sede perfeitos como o Pai celeste é perfeito…” A Imitação de Deus, na sua perfeição ou santidade,concretiza-se no amor manifestado também ao inimigo. Trata-se de um amor gratuito e desinteressado,que supera a restrição à religião e à raça. “Desse modo vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus”. O amor sem distinção possibilita fazer a experiência de filhos, reproduzindo na terra a bondade do Pai celeste, que “faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos.”
O amor leva a superar o espírito de hostilidade, a vingança, o ódio e o rancor, para construir a fraternidade. Só assim nos tornamos verdadeiros filhos de Deus… – “Se amais aos que vos amam… que recompensa tendes? também os publicanos (pecadores) o fazem…” – “Se saudais os vossos irmãos… Os gentios também o fazem…”
* Será um programa realizável? Ou uma Utopia para sonhadores, uma loucura? Muitos cristãos provaram pelo seu testemunho heroico que é possível…
A 2ª Leitura responde que é uma loucura para os homens, mas é “Sabedoria” para Deus. (1Cor 3, 16-23)
+ Temos inimigos a perdoar e rezar por eles?
+ Pessoas que não gostamos ou que não gostam de nós?
+ Qual a nossa atitude para com elas?
+ A Eucaristia que celebramos é de fato um gesto de COMUNHÃO com Deus e os irmãos?
(Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa – 19.02.2017)