“A pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se a pedra angular”.
( Mt 21,33-46; Gn 37,2-4.12-13.17-28; Sl 105,16-21)
Esta parábola é um resumo da história de Israel, o Povo de Deus. No Antigo Testamento, Israel é comparado a uma videira, que Deus tirou da escravidão e transplantou na liberdade da Terra Prometida e da qual cuidou esperando que produzisse uvas saborosas, mas ela só produziu uvas azedas, intragáveis. Esperava que nesse seu povo reinasse o amor ao próximo, a justiça, a fraternidade e solidariedade, a compaixão, o perdão, mas só encontrou injustiças, assassinatos, roubos, opressão dos poderosos sobre os pequeninos e pobres… Israel tornou-se igual aos povos pagãos…(cf. Is 5,1-7). Deus enviou, então, profetas que denunciavam os desvios do Povo em relação à aliança que fora selada no Sinai. Os Profetas não foram ouvidos, sendo perseguidos e alguns, mortos.
Deus-Pai enviou, então, seu Filho Jesus e nós O colocamos numa cruz. A paixão e a morte do Filho de Deus nos revelam, de um lado, nossa capacidade de praticar o mal e a injustiça em proporções assustadoras: a morte numa cruz era o suplício mais degradante e aviltante da época; tudo era colocado em prática para fazer sofrer e humilhar o condenado à cruz: flagelação, coroa de espinhos, zombarias, escarros no rosto, humilhações de todo o tipo…nem o cadáver do crucificado deveria ser enterrado, mas deixado na cruz para ser devorado pelas aves de rapina, ou jogado numa vala aberta para ser devorado pelos cães. Sem Deus, a humanidade e todos nós temos uma capacidade de praticar o mal e fazer sofrer mesmo o inocente e o justo de um modo assustador.
Por outro lado, a cruz é o lugar onde se revela o amor de Deus por nós, de maneira mais sublime. Notar que na parábola não é Jesus que chega a uma conclusão. Jesus pergunta “quando vier o dono da vinha o que irá fazer com esses vinhateiros”? Responderam-lhe: certamente destruirá de maneira horrível esses infames. Essa é a resposta humana do olho por olho e dente por dente…a vingança. A resposta de Jesus é “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem” e oferece sua vida para que todos possamos, pela fé n’Ele, ter vida e vida eterna e, pelo dom do seu Espírito, ser capacitados progressivamente a amar como Ele amou, perdoar como Ele perdoou, ser misericordiosos como o Pai do Céu é misericordioso.
Reflexão dos Padres Jesuítas