Era uma vez… Assim também gostaria de começar a História do Convento Gnadenthal1, porque ela é tão emocionante como uma lenda.
Mas ela não é uma lenda, é antes uma história comprovada, com seu começo muito humilde, com seus sete séculos difíceis, repletos de desafios, mas também de histórias brilhantes.
Em nosso tempo moderno se realça muito a emancipação da mulher e sua igualdade frente ao homem. Assim, até se poderia chamar de lendárias as primeiras mulheres da Congregação das Franciscanas de Ingolstadt que, já em plena Idade Média, viviam sua independência e particularidades próprias com toda espontaneidade.
– 1276 – Primórdios das Franciscanas de Ingolstadt
Beguinas: Irmãs das Almas
No início, devo transcrever, palavra por palavra, as primeiras frases da Crônica no seu Alemão antigo e expressivo:
“Quando decorria o ano de MCCLXXVI (1276), nossas primeiras Irmãs começaram a observar a Regra Terceira de São Francisco. Mas, elas não eram reformadas2, nem submissas aos Descalços (Franciscanos). Mas, quem eram elas? Onde ficava sua casa? Isso eu não sei. Porém, numa carta de tempos remotos, eu li que o seu paradeiro ou a sua ‘pobre casinha’ ficava junto à vala da cidade (fosso contornando a cidade), lá onde agora está a nossa louvável casa de Deus.” (Crônica de Ir. Elisabeth Peringer, 1540)
Assim, portanto, as primeiras Franciscanas de Ingolstadt começaram sua vida religiosa como mulheres piedosas, que viviam comunitariamente numa casa, mas, sem uma Regra definida: Eram livres e independentes!
É impressionante como, segundo a maneira de pensar da Idade Média, a alma está no centro. As Irmãs das Almas são, em primeiro lugar, Esposas de Cristo, mais voltadas para a eternidade do que para o mundo.
Mais que oito Irmãs não podiam ser aceitas numa Casa das Almas, porque os meios de subsistência eram insuficientes, pois, na maioria das vezes, tinham que mendigar em Ingolstadt e redondezas.
E eram conhecidas como: Irmãs das Almas!
(Do livreto: A Canção das Irmãs Franciscanas de Ingolstadt através de 7 séculos, por Ir. Inácia Bergleiter – 2014, pág. 8 e 9)
Notas:
1 – “Gnadenthal” – Nome do Convento das Irmãs Franciscanas de Ingolstadt. Significa “Vale das Graças”
2 – Quando esta Crônica foi escrita, já havia acontecido a Reforma Luterana e a Contrarreforma da Igreja Católica.